“Cresci indo ao Maracanã para acompanhar o Clássico dos Milhões. Levado pelo meu avô Rubens, as tardes de domingo ou as noites de quarta-feira eram diferentes quando o jogo era Vasco x Flamengo. Sou da geração que teve o privilégio de acompanhar Roberto Dinamite, Romário, Bebeto, Edmundo, Acácio, Geovani, Bismarck, Sorato, Tita, Mazinho e tantos outros craques.
A minha infância/adolescência foi recheada de títulos, ídolos e jogos memoráveis. Lembro, como se fosse hoje, da entrada das bandeiras nas arquibancadas. Eu nas cadeiras azuis (sim, o Maracanã tinha cadeira no andar abaixo da arquibancada) vendo aquela festa, aquele duelo nas arquibancadas. Tinha a festa do papel higiênico quando os times entravam em campo.
E quando tinha falta na entrada da área? A torcida do Vasco vibrava como se fosse pênalti. Sabíamos que Roberto Dinamite era mortal da entrada da área e com repertório de cobranças variado. Se tinha pênalti, a certeza do gol também vinha. Afinal de contas, o príncipe Geovani estava lá, quando Roberto não batia. Bons tempos do Clássico dos Milhões.

Como esquecer o golaço do Tita, em 1987, após uma arrancada fulminante do Romário pela esquerda, o toque para o Luís Carlos, que fez um cruzamento perfeito para o craque Roberto Dinamite ajeitar no peito, como se fosse um pivô, proteger dos zagueiros e servir para a pancada do Tita, sem chance para o Zé Carlos.
O gol à esquerda das cabines de Rádio e TV viu a rede estufar, bem na frente da torcida do Flamengo. Era o gol do título de 1987. Naquela época, o Campeonato Carioca tinha um peso muito grande, assim como a conquista.

O ano seguinte também seria emblemático. O jogo no meio de semana à noite foi a coroação do bicampeonato carioca, com direito a gol do Cocada e muita provocação nas ruas do Rio na manhã seguinte. Isso era muito legal: zoar o rival, sem violência, mas com muita criatividade. Ir para a escola com o Jornal dos Sports o cor de rosa, para brincar com os amigos.
Naquela noite, o empate garantia o título ao Vasco pela melhor campanha na reta final do Estadual, mas Cocada saiu do banco aos 41 minutos do segundo tempo, fez um golaço aos 44 e foi expulso aos 45 minutos, gerando uma enorme confusão no gramado, com direito a briga entre os jogadores.
Tantas tardes e noites vivi no bom e velho Maracanã. Quantos jogos vi? Quantos gols? Como esquecer do antigo placar, aquele dos bonecos animados (pouco, é verdade), mas era o máximo para quem vivia o sonho de estar no Maracanã.

Torço para que domingo, nós torcedores, verdadeiros fanáticos vascaínos, possamos ir ao estádio, torcer de casa, do bar ou de qualquer lugar, mas que tenhamos um domingo de paz e festa, como nos grandes momentos que vivi. Que meu filho Lucas e tantas outras crianças possam guardar grandes memórias do MAIOR CLÁSSICO DO FUTEBOL BRASILEIRO.”
Qual é a sua lembrança do Clássico dos Milhões? Deixa aqui nos comentários.
3 Comentários
1×0 vasco gol de vegetti de canela
Que belíssimas memórias manifestadas nesse belo texto, meu caro Fabio Azevedo. Parabéns!
É importante não perdermos essas memórias, para que sirvam de combustível na esperança por dias melhores e para que motivem o time atual em busca desse resgate do nosso Gigante da Colina.
Minha lembrança é mais recente que as suas, mas já tem 25 anos. Final da Taça Guanabara de 2000 com o chocolate do domingo de Páscoa, literalmente. Teve distribuição de ovos de Páscoa a mando de Eurico Miranda e, em campo, teve o histórico 5×1 com show de Romário (hat trick), Pedrinho e Felipe. Pedrinho comemorou seu gol com o inesquecível gesto de silêncio para a torcida adversária. Meia dúzia de expulsões no jogo, mas nada impediu o massacre, o chocolate do domingo de Páscoa. Vasco 5×1 Flamengo.
Eu também tenho muitas saudades desse tempo Fábio, vi uma única vez um clássico desse ao vivo na semifinal do Brasileirão de 2011, quando formos garfados pelo Péricles Bassol(FDP). Mas ouvi muitos jogos pelas rádios Glbobo e Tupi e assisti muitos pela tv. bons tempos aqueles que tinhamos grandes times e craques. Abç.