O Vasco teve cinco diferentes diretores executivos comandando o futebol. Do sonho inicial da 777 Partners de ter Rodrigo Caetano, a SAF navegou por águas, nem sempre, tranquilas. E não foi por falta de dinheiro (conforme você vai ler abaixo), mas por ideias erradas e caras aos cofres da empresa.
O modelo de negócio aplicado pelo antigo sócio, a 777 Partners, era que toda contratação passaria pelo conselho da empresa norte-americana e seus scouts, antes de qualquer aprovação. Com isso, não bastava o scout do Vasco e o diretor aprovarem, pois precisava passar pelo crivo e interesse da 777.
Este modelo foi o ponto crucial para Rodrigo Caetano não aceitar o convite no início do projeto. O executivo entendia que esta forma de gerenciar o futebol engessaria as negociações e esbarraria em outros aspectos desportivo, como por exemplo a compra de jovens promessas.
A SAF foi constituída em 2022, quando o Vasco disputava a Série B e passava por enormes dificuldades financeiras. Até aquele momento, o presidente Jorge Salgado tinha socorrido o clube financeiramente com aportes. A vinda da 777 Partners parecia o início de uma nova fase, de vitórias e conquistas.
Promessas à parte, vamos aos fatos e números de cada diretor executivo que passou no cargo: Paulo Bracks, Alexandre Mattos, Pedro Martins, Marcelo Sant´Anna (foi quem ficou mais tempo no cargo – 1 ano e 10 meses) e Admar Lopes.
Paulo Bracks assumiu a pasta em 8 de agosto de 2022, ficou até 7 de dezembro de 2023 e fez 25 contratações em 3 janelas de transferências. Vale ressaltar que Bracks foi o único que precisou remontar o elenco, pois o Vasco saía da Série B em 2022 tendo que dar um salto para disputar a Série A no ano seguinte. Com isso, muitos jogadores foram dispensados e tantos outros contratados.

CONTRATAÇÕES DA ERA PAULO BRACKS
Goleiro – Léo Jardim (€ 2 milhões) e Ivan (empréstimo)
Laterais – Puma Rodríguez (US$ 2 milhões), Lucas Piton (R$ 16 milhões por 60%), Jefferson (empréstimo) e Paulo Henrique (empréstimo)
Zagueiros – Léo (R$ 16 milhões), Robson Bambu (empréstimo), Manuel Capasso (US$ 2 milhões), Gary Medel (sem custos), Maicon (sem custos)
Volantes – Jair (US$ 2,5 milhões), Patrick de Lucca (sem custos), Mateus Carvalho (empréstimo – R$ 300 mil com opção de compra de R$ 2,5 milhões), Praxedes (empréstimo) e Andrey Santos (empréstimo)
Meias – Carabajal (empréstimo), Payet (sem custos) e Paulinho (€ 1,2 milhão)
Atacantes – Rossi (sem custos), Orellano (US$ 4 milhões), Rwan Cruz (empréstimo), Pedro Raul (US$ 2 milhões), Serginho (sem custos), Sebastián Ferreira (empréstimo) e Vegetti (US$ 1,1 milhão)
Com alguns desgastes internos e a salvação na Série A apenas na última rodada do Campeonato Brasileiro de 2023, Paulo Bracks não resistiu e foi demitido do cargo. Alexandre Mattos chegava com prenúncio de grandes trabalhos e conquistas. O mercado enxergava o diretor como um dos grandes nomes.
Mattos foi o executivo que teve mais dinheiro para investir (aproximadamente R$ 120 milhões). No entanto, o diretor, que sempre teve fama de gastador, destinou 50% do montante na aquisição de dois jogadores: zagueiro João Victor (R$ 32 milhões) e o atacante Adson (R$ 26,7 milhões). JV foi muito questionado pela torcida e já foi vendido.
Alexandre Mattos ficou apenas 4 meses no cargo, pois seu jeito explosivo fez com que a 777 Partners optasse pela mudança. No entanto, o executivo deixou uma conta alta para o Vasco honrar mais adiante.

CONTRATAÇÕES DO ALEXANDRE MATTOS
Goleiro – Keiller (empréstimo)
Lateral – Victor Luís (sem custos)
Zagueiros – João Victor (R$ 32 milhões) e Robert Rojas |(empréstimo)
Volantes – Sforza (R$ 24,8 milhões) e Galdames (sem custos)
Atacantes – Adson (R$ 26,7 milhões), David (empréstimo) e Clayton Silva (R$ 19 milhões)
Para substituir Mattos, a gestão da SAF optou por Pedro Martins, que ficou apenas 50 dias no cargo. Com a mudança no comando (a 777 Partners foi afastada na Justiça, o CEO Lúcio Barbosa e a CFO Katia dos Santos renunciaram aos cargos), Pedro se sentiu isolado e saiu também. Antes, deixou encaminhada a contratação do atacante Emerson Rodríguez (empréstimo).
Assim que assumiu o comando da SAF, Pedrinho foi movimentando o tabuleiro vascaíno e escolheu o ex-presidente do Bahia Marcelo Sant’Ana para comandar o futebol. Ele chegou em junho de 2024 e saiu em maio deste ano. Marcelo assinou com 13 reforços.

CONTRATAÇÕES MARCELO SANT´ANNA
Goleiro – Daniel Fuzato (sem custos)
Zagueiros – Lucas Freitas (sem custos), Lucas Oliveira (sem custos) e Maurício Lemos (sem custos)
Volante – Souza (sem custos) e Tchê Tchê (sem custos)
Meias – Maxime Domínguez (€ 1,5 milhão) e Philippe Coutinho (sem custos)
Atacantes – Jean David (US$ 1,5 milhão), Alex Teixeira (sem custos), Loide Augusto (€ 1,5 milhão), Nuno Moreira (€ 3,5 milhões) e Garré (€ 4 milhões)
Admar Lopes chegou para comandar o departamento e modificou o modelo de contratações. Em nenhum caso de jogador contratado, o Vasco fez algum desembolso de verba. Todas as negociações são por empréstimo com opção de compra (caso performe) ou jogadores livres no mercado (sem pagamento a outro clube).
Para completar o trabalho inicial, Admar conseguiu fazer duas vendas: João Victor para o CSKA, por € 4 milhões, e Luiz Gustavo para o Bahia, por € 5 milhões por 70% dos direitos econômicos. Além disso e levando em conta a situação financeira do clube, renovar com Philippe Coutinho, Léo Jardim e Rayan podem ser considerados reforços.
CONTRATAÇÕES ADMAR LOPES
Zagueiros – Carlos Cuesta e Robert Renan (ambos por empréstimo com opção de compra)
Volantes – Barros (volta de empréstimo) e Thiago Mendes (livre no mercado)
Meia – Matheus França (empréstimo com opção de compra)
Atacante – Andrés Goméz (empréstimo com opção de compra)

2 Comentários
Paulo Bracks exerceu o cargo durante aquele período de maior ilusão da SAF. Então, penso que alguma crítica mais dura seria injusta, embora caibam algumas ressalvas acerca de sua atuação no mercado.
Mattos representou aquela história de “muita grife para pouca entrega”. Responsável por um dos contratos mais escandalosos dos últimos tempos, o de João Victor, que incluiu a famosa bonificação por permanência do time na Série A.
Paulo Martins não teve tempo hábil para demonstrar potencial e, com o imbróglio judicial, não teve sequência.
Marcelo Sant’anna chegou cheio de expectativas, mas, também em virtude desse cenário judicial instável e incerto do Vasco, muito pouco entregou. Em meio a alguns refugos contratados sem custo, o grande acerto do executivo foi a contratação do português Nuno Moreira.
Impressionante é o salto de qualidade na lista de Admar Lopes, que foi cirúrgico e focou nas principais carências do plantel e conseguiu modelos de contratos interessantes para a realidade financeira e com menos riscos. O diretor foi capaz de trazer jogadores com nível de titularidade.
leitura cronológica e financeira perfeita. Demos um baita salto mesmo.